Desde os eventos amplamente noticiados na mídia ocorridos no dia 1 de fevereiro de 2019, muito se especulou e foi debatido sobre as atitudes tomadas pela Crunchyroll em relação a defesa dos interesses da empresa e de seus clientes. Posteriormente a equipe editorial da Revista Animax por meio de Sérgio Peixoto editor chefe da revista, contatou Yuri Petnys, Gerente Geral da empresa no Brasil, com o objetivo de realizar uma entrevista e trazer a público informações pertinentes ao principal serviço de streaming totalmente dedicado à exibição de animes da América Latina!
Como colaborador da Revista Animax, Januncio Neto editor do Portal HQPB teve a oportunidade de realizar as perguntas presentes nesta entrevista publicada originalmente da edição #61 da Revista Animax. A Animax foi o segundo periódico no Brasil focado em informar sobre anime e mangá, publicado entre 1996 e 1999 pela Editora Magnum.
Foram 50 edições publicadas durante os três anos de sua publicação, mais uma edição especial na forma de revista-poster, chamada Animax BIG. Até hoje é reconhecida como a melhor revista do gênero, tanto pela duração como pela qualidade e exclusividade das informações publicadas. Sua franqueza, humor e informalidade nas matérias sempre escritas como se fosse uma conversa cativavam os leitores, e graças a ela várias séries de animes foram apresentadas pela primeira vez aos fãs brasileiros.
Com a intenção de saciar um pouco o saudosismo dos antigos leitores, em setembro de 2017 foi publicada uma edição especial, a de número 51. Ela deu muito mais certo do esperávamos, nos animando a pensar numa maneira de trazer de volta uma das mais importantes revistas dedicadas aos fãs de anime e mangá.
O novo projeto além de trazer de volta a melhor revista informativa sobre animes e mangás, também lançará regularmente uma edição extra com autores nacionais de qualidade e suas histórias originais.
A revista Animax Quadrinhos terá 70 páginas com vários mangás desenhados por artistas brasileiros e matérias com dicas para desenhistas amadores. Será a maior revista de mangá nacional desde a saudosa Ação Magazine.
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Januncio Neto – A Crunchyroll tem alguma estimativa de ampliar seu número de assinantes no futuro e quais ações serão realizadas para que esse resultado seja atingido? E em relação a outros países, qual é a importância do mercado brasileiro para a empresa?
Yuri Petnys – O Brasil é o maior país de língua não inglesa para Crunchyroll, e um dos cinco maiores países da plataforma. Assim, é um dos mercados internacionais mais importantes da Crunchyroll, e pioneira na empresa em ações como a Crunchyroll TV – o primeiro bloco patrocinado da Crunchyroll na TV aberta do mundo inteiro.
JN – A Crunchyroll estuda a possibilidade da criação de planos de assinaturas mais baratos ou planos especiais para séries específicas?
YP – *Não.
*Mesmo diante desta negativa a Crunchyroll divulgou no dia 26/02 a disponibilidade de uma nova forma de pagamento na América Latina, permitindo que o usuário pague pela plataforma em moeda local. Além disso, foi confirmado pagamentos através de boletos no país. A Crunchyroll ainda oferece aos interessados um teste gratuito de 14 dias e a assinatura do serviço custa R$ 25,00 mensais.
JN – Foi noticiado que a Crunchyroll está envolvida na produção e lançamento de games para Smartphones baseados em animes como “Is It Wrong to Try to Pick Up Girls in a Dungeon? — Memoria Freese”. Baseado nessas informações, quais são as chances da Crunchyroll começar a ter envolvimento na produção de séries de anime, OVAs ou filmes no futuro?
YP – A Crunchyroll já investe diretamente em séries de anime desde 2015, e já foi membro do comitê de produção de mais de 50 séries desde então. Dentre suas coproduções de maior sucesso, temos A Place Further Than The Universe, listada pelo New York Times como uma das melhores séries de TV de 2018, Space Patrol Luluco e Kiznaiver, duas séries do prestigiado estúdio TRIGGER; e Rising of the Shield Hero, o anime mais popular da Crunchyroll na temporada de inverno de 2019.
JN – Como alguns desses games são lançados gratuitamente para o mercado norte-americano e asiático, quais as chances da América Latina – em particular o Brasil – ser contemplado com esses lançamentos?
YP – O segundo jogo publicado pela Crunchyroll Games – Bungo Stray Dogs: Tales of the Lost – foi publicado também na Europa. Futuros jogos podem eventualmente ser publicados na América Latina.
JN – Sabemos que no Japão é comum uma série ser exibida em mais de uma emissora, mesmo não havendo nenhuma ligação entre elas. Quais as chances de parcerias como a que aconteceu entre Crunchyroll e Netflix na exibição de Megalobox no Brasil podem se repetir? Uma parceria assim poderia acontecer com uma emissora de TV aberta?
YP – Não há parceria entre Crunchyroll e Netflix na exibição de Megalobox. Os contratos de licenciamento são separados. Quanto à TV aberta, a Crunchyroll já possui um bloco de animes na Rede Brasil, que totaliza seis horas semanais de programação.
JN – Vocês recebem sugestões de séries por parte dos clientes? O quanto a opinião e desejo dos clientes pode ser determinante para uma série ser agregada ao acervo da Crunchyroll?
YP – Recebemos sugestões de novas séries o tempo todo, pelas redes sociais, pela ferramenta de suporte e por nossas enquetes anuais de feedback do público brasileiro. O gosto do público brasileiro tem papel fundamental na busca de novos títulos a serem agregados ao acervo. Um exemplo disso é o anime Fullmetal Alchemist: Brotherhood, que entrou no catálogo da Crunchyroll após ser o anime mais votado em uma escolha de popularidade, no começo do ano.
JN – O quanto as opiniões, sugestões e críticas dos clientes ajudam na melhoria da prestação de serviço da Crunchyroll ao consumidor brasileiro?
YP – Estamos sempre de olho no feedback dos usuários para aprimorar o serviço, trazer as séries mais buscadas e implementar novas funcionalidades bastante requisitadas. O Brasil, como um dos mercados mais importantes da Crunchyroll, tem bastante peso nas decisões.
JN – Séries mais antigas como Record of Lodoss War, Groizer X (Pirata do Espaço), Shurato ou mesmo as séries da franquia Gundam tem chance de algum dia fazerem parte do acervo da Crunchyroll? E quais as dificuldades de se trazer séries mais antigas?
YP – A chance sempre existe, contanto que haja demanda e o título não esteja licenciado exclusivamente por outra empresa no território. Por exemplo, no momento, contamos com as seguintes séries Gundam no catálogo, todas legendadas em português e disponível na íntegra:
Mobile Suit Gundam 00
Mobile Fighter G Gundam
Gundam Build Fighters
Gundam Build Divers
Mobile Suit Gundam Seed
Mobile Suit Gundam Seed Destiny
Mobile Suit Gundam Wing
Mobile Suit Gundam Wing ~Endless Waltz~
Mobile Suit Gundam Unicorn RE:0096
Mobile Suit Gundam – Iron-Blooded Orphans
JN – A produção de animes por temporada é enorme e por razões obvias, fica impossível conseguir licenciar tantas obras, mas existe espaço para séries menos famosas e/ou para um público mais adulto, como por exemplo “Death Parade” e “Hero Mask” (Netflix) que tem um foco maior no drama e suspense direcionados a um consumidor mais velho?
YP – A Crunchyroll licencia cerca de 80% da produção japonesa de animação, incluindo séries menos famosas e voltadas para públicos mais adultos. Thrillers como Boogiepop and Others (em simulcast nesta temporada), Joker Game (dublado pela Crunchyroll em 2018), 91 Days e ERASED atraem um público mais adulto, assim como romances como Kaguya-sama: Love is War (em simulcast nesta temporada), Rascal does not Dream of Bunny Girl Senpai e ReLIFE. Outro gênero bastante popular entre os adultos na Crunchyroll são os dramas esportivos, como Run with the Wind, Tsurune e Free! Iwatobi Swim Club (também dublado pela Crunchyroll em 2018).
JN – A Crunchyroll participa de grandes eventos como a CCXP, a empresa tem interesse em se fazer presente em outros eventos pelo Brasil? Havendo essa possibilidade, quais seriam os requisitos e/ou procedimentos que os organizadores deveriam apresentar à Crunchyroll?
YP – Temos interesse de participar de eventos que tenham ligação com o mundo do anime e permitam que a Crunchyroll traga uma experiência diferente para o visitante do evento. Já participamos de eventos em diversos estados, desde o SANA de Fortaleza até o Animextreme de Porto Alegre.
JN – A Crunchyroll intermediaria de alguma forma a vinda de um mangaká, ator ou dublador japonês para eventos no Brasil?
YP – Sim, eventualmente.
Agradecemos ao Yuri Petnys pela atenção e tempo dispensados ao responder nossas perguntas e esperamos de alguma forma ter estreitado a relação entre a Crunchyroll e seu público, na esperança que a empresa possa disponibilizar ao público brasileiro uma oferta cada vez melhor de animações além de uma maior interlocução entre os consumidores de seus serviços.
Conclusões
– O Brasil é o quinto mercado mais importante para Crunchyroll em número de assinantes, sendo o maior de língua não inglesa. Isso justifica mais ainda a atitude da empresa contra fansubbers que estavam distribuindo como se fossem seus, vários animes licenciados, traduzidos e até dublados pela própria Crunchyroll!
– Além de um serviço de streaming, a Crunchyroll investe pesado na produção de animações. Quantas empresas deste ramo investiram em mais de 50 séries? Ou seja, quem assina a Crunchyroll também está ajudando a manter toda a indústria de animação.
– Sua sugestão é importante para a Crunchyroll, portanto nunca deixe de participar das votações e deixar sugestões/reclamações. Elas são importantes para auxiliar em decisões e planejamento da empresa.
– Não existe parceria entre Crunchyroll e Netflix, como muitos disseram. Mas algumas séries podem ser licenciadas por ambos. Faz parte do jogo.
– A Crunchyroll licencia 80% dos animes produzidos. Então sempre haverá algum anime que lhe agrade.
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