Produtor de “Dredd” fala sobre a possibilidade de uma sequência diante do atual papel das plataformas de streaming no entretenimento

“Dredd” segue sendo um dos casos mais infames da onda de reboots de Hollywood dos anos 2010. O reboot do filme de Juiz Dredd protagonizado por Sylvester Stallone na década de 1990 era supostamente muito mais fiel à série de quadrinhos da 2000 A.D. e Dark Horse Comics, com o ator Karl Urban interpretando a versão “autêntica” do Juiz Dredd – inclusive com ele nunca sendo visto sem o capacete, no filme. Dredd sem dúvida foi um fracasso de bilheteria (arrecadando US$ 41 milhões mundialmente, com um orçamento estimado de US$ 45 milhões), mas depois se tornou um grande sucesso cult no mercado de home video e em exibições da TV.

Os fãs de Dredd pedem por uma continuação há anos, porém o modelo de lançamento nos cinemas não está ajudando. No entanto, agora que os serviços de streaming estão se tornando o novo modelo de entretenimento, poderia “Dredd 2” finalmente ser uma esperança palpável para os fãs?

O ComicBook Nation Podcast conversou com o produtor de “Dredd” , Adi Shankar (que está estreando sua nova série de super-heróis, Guardiões da Justiça, na Netflix) sobre como as possibilidades para uma continuação podem surgir no atual cenário do entretenimento mundial graças a “Streaming War”...

Adi Shankar, antes de mais nada, deixou claro para os fãs de Dredd que a produção de uma sequência com o personagem não é um de seus futuros projetos. Ele disse: “Olha, eu não possuo nem controlo os direitos de Dredd. Então, se a pergunta for se esse é o meu próximo projeto, eu não controlo esses direitos.”

Ao mesmo tempo, o cineasta e produtor deu uma visão sobre quais são as novas possibilidades poderiam existir para uma sequência:

“Em um nível macro: por mais que o streaming tenha sido tipo um velho oeste por bastante tempo, ele está ficando mais formalizado e mais direto hoje em dia. E tem também mais conteúdo por aí e mais oportunidades para fazer coisas porque há mais demanda por conteúdo. E isso criou um novo paradigma.”

Quando questionado especificamente sobre se esse novo paradigma no atual cenário do streaming poderia ajudar a ressuscitar algo como a franquia do Juiz Dredd, Shankar disse: “Claro. A resposta é: com toda certeza.”

Uma razão que muitos envolvidos com “Dredd” (Karl Urban, Shankar, e outros membros do elenco e equipe) apontaram como causa do seu insucesso foi o custo e o equívoco da campanha de marketing que a Lionsgate Pictures lançou. Na verdade, Urban foi bem sincero sobre isso em uma entrevista de 2016:

“Alex Garland foi gravado dizendo que Dredd foi um fracasso. Eu discordo. O filme em si não foi um fracasso, na verdade, foi um sucesso de crítica, ele só falhou nas bilheterias”, explicou Urban ao site Den of Geek. “Como um filme com um índice de aprovação de 78% no Rotten Tomatoes fracassa? Com zero conhecimento do público. Ninguém sabia que o filme estava sendo lançado. Dredd representa um fracasso de marketing, não de produção cinematográfica.”

Shankar diz que uma vantagem dos algoritmos e coleta de dados dos streamings é acabar com processos de marketing caros e muitas vezes inúteis, que mataram muitas franquias iniciantes como “Dredd”.

Neste momento, parece que há pouca esperança para “Dredd”. Karl Urban é agora o rosto da franquia de sucesso da Amazon Prime Video, “The Boys” (outra adaptação em quadrinhos); Shankar está longe de estar envolvido, e a história do diretor Peter Travis não estar se dando bem com o escritor (e eventual co-diretor) Alex Garland deixa um grande vazio no que se trata de entusiasmo para dirigir uma continuação.

No fim das contas, “Dredd” é provavelmente uma joia sombria de que muitos fãs continuarão gostando, enquanto para sempre imaginam o que poderia ter sido. Mas nunca se sabe… aquela série de TV do Juiz Dredd ainda está na mesa.