Por que a Disney deveria dar continuidade à série “Os Gárgulas”

A década de 90 foi repleta de várias animações serializadas de sucesso. Nos Estados Unidos as programações das manhãs de sábado da Disney e Warner Bros. à infinidade de desenhos animados da Nickelodeon que ainda são comentados hoje, não era difícil encontrar algo bom para assistir naquela época. No entanto, apenas algumas programas resistiram ao teste do tempo em termos de qualidade e capacidade de assistir novamente. Gargoyles (Os Gárgulas) da Disney é uma delas, praticamente um clássico Cult. Esta série foi praticamente a resposta da Disney a outra série de enorme sucesso, “Batman: The Animated Series” (no Brasil as duas séries foram exibidas no SBT), foi facilmente uma das melhores séries de animação de sua época. Agora que encontrou um novo lar no Disney+, talvez seja hora de o serviço de streaming leva-la adiante.

A série segue um grupo de gárgulas, criaturas de pedra que ganham vida à noite, ao acordarem de uma maldição que lhes foi colocada mil anos atrás. Eles têm que aprender a se ajustar à sua nova vida enquanto se escondem de um mundo que pode não entendê-los. Isso acaba não sendo uma tarefa fácil, pois eles estão constantemente lidando com inimigos perigosos, antigos e novos. Como tal, cada episódio se desenrola com vários elementos de uma boa aventura de super-heróis, onde eles são deixados lutando contra uma infinidade de inimigos diferentes, desde o tecnologicamente avançado ao místico.

“Os Gárgulas” era uma mistura fascinante de ficção científica e fantasia que provou estar repleta de personagens interessantes. Cada pessoa, fosse a amiga e confidente dos Gárgulas, Elisa Maza, ou a antiga paixão de Golias e posteriormente sua inimiga, Demona, tinha um nível de profundidade que normalmente não era visto nem mesmo em alguns das melhores séries animadas norte-americanas dos anos 90. É o tipo de narrativa dinâmica que estava à frente de seu tempo. A ênfase na construção de personagens de uma forma significativa, embora não incomum na séries animadas para TV antigas, tornou-se mais frequente em animações serializadas modernas como “A Lenda de Korra”. É por isso que “Os Gárgulas” poderia ser traduzida para um público moderno melhor do que a maioria.

Não apenas isso, mas sua rica camada de narrativa e construção de mundos pode levar a potenciais desdobramentos e expansões ao longo da série. A ênfase em mitologias antigas vistas ao longo de “Os Gárgulas”, e a abordagem interessante que ela tem sobre a literatura de Shakespeare, significa que há muito em que se basear. O potencial de ver um universo expandido cheio de interpretação da série de diferentes mitologias, por exemplo, é uma perspectiva interessante.

Agora, se o retorno de “Os Gárgulas”, deve ser na forma de um reboot ou uma continuação é outra questão. Ambos têm seus pontos fortes e fracos. Com um reboot, há muito mais flexibilidade na narrativa, e os principais enredos do original podem ser reinterpretados de maneiras que são mais digeríveis para um público moderno. Isso, no entanto, apagaria toda a intrincada história de fundo e o desenvolvimento do personagem que tornavam a série original excelente.

Com uma continuação, entretanto, não há nenhuma base necessária a ser estabelecida. Cada personagem continuaria de onde a série os deixou pela última vez, e isso permitiria “Os Gárgulas” irem em uma nova direção. Isso poderia até fornecer a possibilidade de novos personagens serem incluídos na mistura. Claro, a menos que seja feito de forma satisfatória, uma continuação poderia facilmente atrair novos espectadores não familiarizados com o original.

O melhor curso de ação pode ser fazer um “soft reboot“, que é essencialmente uma forma diferente de continuação que começa em um ponto específico na série original e se ramifica a partir daí. Esta também parece ser a preferência do criador da série, Greg Weisman, que não considera a terceira temporada como cânone, mas prontamente continuaria “Os Gárgulas” de onde ele trabalhou pela última vez. Qualquer que seja a aparência de um retorno, no entanto, seria uma oportunidade perdida, e talvez até um erro, não trazer essa série de volta.