O Oscar de Guillermo del Toro demonstra como a animação ainda tem muito à oferecer ao cinema

A 95ª edição do Oscar não apenas reconheceu mais uma vez o talento de Guilhermo del Toro, mas como consequência a vitória do diretor mexicano atraiu os holofotes para a importância da animação dentro da indústria cinematográfica.

“Pinóquio de Guillermo del Toro”, “O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo” e “Avatar: O Caminho da Água” levaram para casa os troféus de Melhor Animação, Curta de Animação e Efeitos Visuais, respectivamente.

Nas semanas que antecederam o Oscar, os eventuais vencedores em todas as três categorias começaram a parecer quase inevitáveis. “Pinóquio”, “Avatar” e “O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo” ganharam pilhas de prêmios no circuito de premiações, como o BAFTA e Annie Awards.

Embora os eventuais vencedores não fossem necessariamente surpreendentes, algumas histórias intrigantes foram confirmadas quando seus nomes foram anunciados. Com a vitória de “Pinóquio”, a Disney falhou em ganhar o Oscar de Melhor Animação, o que pode parecer algo trivial na verdade evidencia ainda mais a vitória de Guillermo del Toro e da Netflix. Foram pouquíssimas vezes que a Disney/Pixar não venceu a categoria. Em 2019 “Homem-Aranha no Aranhaverso”, “Rango” em 2012 e “Happy Feet” em 2007, foram aqueles que conseguiram. Porém esta não foi a primeira vez que uma animação stop-motion vence a Disney no Oscar.

“Pinóquio” se tornou apenas o segundo longa-metragem em stop-motion a ganhar o prêmio de melhor animação; “Wallace & Gromit – A Batalha dos Vegetais” foi o primeiro a fazê-lo quando venceu em 2005. O veterano do stop-motion Mark Gustafon, que dirigiu “Pinóquio” com Guillermo del Toro, disse ao público: “É tão bom saber que essa arte forma que tanto amamos – stop motion – está muito viva e bem.”

Del Toro acrescentou seu próprio comentário no palco, repetindo um mantra que ele vem dizendo durante toda a temporada de premiações: “Animação é cinema. Animação não é um gênero. A animação está pronta para ser levada para a próxima etapa. Estamos todos prontos para isso. Por favor nos ajude. Mantenha a animação na conversa.”

A Apple conquistou seu primeiro Oscar de animação com “O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo”, depois da indicação de “Wolfwalkers”, do Cartoon Saloon, em 2021. Entre os indicados nesta categoria, apenas os cineastas de “The Flying Sailor”, Wendy Tilby e Amanda Forbis, haviam sido indicados antes, dando a impressão de que a disputa deste ano estava mais acirrada.

“Ice Merchants” chamou a atenção quando foi premiado na Critic Week de Cannes e no Annie Awards de curta de animação. Durante grande parte do ano, especialmente depois de vencer no Annecy Festival, “My Year of Dicks” também chegou ao Oscar como um forte candidato. O curta “An Ostrich Told Me the World Is Fake and I Think I Believe It” já havia ganho um Student Academy Award em Setembro. E nas semanas que antecederam o Oscar, “O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo” ganhou muito impulso com as vitórias dos prêmios no Annie Awards e BAFTA.

O prêmio de efeitos visuais deste ano parecia já definido, desde que foi anunciado que “Avatar: O Caminho da Água” seria lançado no final de 2022. Qualquer coisa feita por James Cameron provavelmente apresentará efeitos especiais inovadores, e “Avatar: O Caminho da Água” não foi uma exceção. E, de acordo com o The Hollywood Reporter, o filme teve um dos maiores orçamentos da história do cinema, algo entre US$ 350 milhões e US$ 400 milhões.

A cerimônia termina com um saldo bastante positivo, onde a animação voltou a ser vista como sendo gênero rico em qualidade, na pluralidade de ideias e estilos.