Sempre que a mídia anuncia o remake de um filme de grande popularidade ou sucesso “indiscutível” de crítica, é certo que o sinal de alerta toma conta de toda e qualquer comunidade de fãs.
Pérolas como “Ninguém pediu por isso!”, “Eles vão estragar a minha infância!” ou “Nunca vai superar o original!” são tão certas quanto o resultado de uma soma básica.
Por outro lado, filmes hoje considerados clássicos ou “sucesso de público e crítica” são, na verdade, remakes.
Por exemplo, “Os 10 Mandamentos”, lançado em 1956, protagonizado por Charlton Heston e dirigido por Cecil B. DeMille, é um remake de “Os 10 Mandamentos” lançado em 1923, também dirigido pelo próprio Cecil B. DeMille.
“Ben-Hur”, lançado em 1959, também protagonizado por Charlton Heston e dirigido por William Wyler, também é um remake! O livro “Ben-Hur: A Tale of the Christ” do escritor Lew Wallace, já havia ganho anteriormente duas adaptações cinematográficas, a primeira de 1907 dirigida por Sidney Olcott e a segunda de 1925 dirigida por Fred Niblo e Charles Brabin.
“Os Infiltrados” (The Departed), lançado em 2006, dirigido por Martin Scorsese, é um remake de “Conflitos Internos” (Mou Gaan Dou), lançado em 2002, em Hong Kong, dirigido por Andrew Lau e Alan Mak.
Este é um pequeno exercício de imaginação sobre alguns filmes e sobre quais seriam os diretores ideais para produzir um remake ou sequência, apresentando estas obras a um novo público, utilizando os recursos técnicos disponíveis atualmente.
As regras são muito simples: filmes populares, não necessariamente sucessos de bilheteria ou vencedores do Oscar, lançados há pelo menos 30 anos, onde o diretor, a tecnologia, ou ambos, poderiam entregar ao público um bom remake ou sequência dignos das obras originais.
“As Sete Faces do Dr. Lao” (7 Faces of Dr. Lao), lançado em 1964 e dirigido por George Pal, é uma adaptação do livro “O Circo do Dr. Lao”, escrito por Charles G. Finney e publicado originalmente em 1935. Este clássico tem como um dos seus destaques a atuação de Tony Randall, que interpretou oito personagens.
“Um circo itinerante comandado pelo misterioso Dr. Lao chega à pequena Abalone, no Arizona, despertando sentimentos de curiosidade e constrangimento na população. As suas exóticas atrações transformam magicamente a vida da comunidade para sempre.”
Um clássico do cinema de fantasia seria um presente para um diretor como Guillermo del Toro, que entende como poucos expressar sentimentos ao mesmo tempo em que cria um mundo fantástico e imersivo..
“O Último Guerreiro das Estrelas” (The Last Starfighter), lançado em 1984, foi dirigido por Nick Castle e protagonizado por Lance Guest.
“Após alcançar a pontuação máxima do seu game favorito, ‘Starfighter’, o adolescente Alex Rogan finalmente conhece o seu criador, Centauri, que revela que o jogo foi desenvolvido para treinar e recrutar pilotos para uma batalha espacial.”
A melhor abordagem para as aventuras de Alex Rogan não necessitaria de um remake, mas de uma sequência onde o agora veterano piloto recrutaria novos pilotos para defender a humanidade de uma nova ameaça, utilizando games atuais para selecioná-los. Edgar Wright seria o diretor ideal para desenvolver um filme nostálgico e divertido, com uma dose generosa de aventura no estilo de franquias como “Destiny” e “Helldivers”.
“Inimigo Meu” (Enemy Mine) é um clássico cult dirigido por Wolfgang Petersen, lançado em 1985 e protagonizado por Dennis Quaid e Louis Gossett Jr.
“Um humano e um alienígena, inimigos graças à guerra entre os humanos e os dracs, são forçados a conviver num inóspito planeta. Apesar do conflito entre as duas espécies, ambos logo percebem que, para sobreviver, precisam se unir, o que resulta numa inesperada amizade.”
A história é baseada no conto escrito por Barry B. Longyear, publicado originalmente na edição de setembro de 1979 da Isaac Asimov’s Science Fiction Magazine. Essa é uma história que precisaria não apenas de bons efeitos especiais, mas também de um diretor que soubesse lidar com o carisma e o drama em torno de dois protagonistas singulares. Após dirigir filmes como “Rogue One: Uma História Star Wars” e “Resistência”, Gareth Edwards seria o diretor ideal, não apenas para o remake, mas uma trilogia baseada na obra de Barry B. Longyear.
“Simbad e o Olho do Tigre” (Sinbad and the Eye of the Tiger), o saudoso filme do diretor Sam Wanamaker, lançado em 1977, é um clássico do cinema de aventura protagonizado por Patrick Wayne, inspirado no personagem clássico do folclore do Oriente Médio.
“Sinbad, Príncipe de Bagdá, vai ao castelo do príncipe Kassim pedir a mão da sua irmã em casamento. Porém, ele o encontra enfeitiçado por sua madrasta maléfica. Para quebrar a magia, ambos partem numa jornada nunca antes realizada.”
Peter Jackson já provou ter uma abordagem bastante criativa em relação à concepção de criaturas fantásticas, além de contar com todo o talento dos profissionais da WETA Workshop para produzir um remake de “Simbad e o Olho do Tigre”, o que, sem dúvida, poderia resultar não apenas em um belo remake, mas também em eventuais sequências.
“20.000 Léguas Submarinas” (20.000 Leagues Under the Sea), lançado em 1954 e dirigido por Richard Fleischer, é protagonizado por Kirk Douglas. Esta adaptação da obra de Júlio Verne se tornou um clássico da Walt Disney, com a sua versão do submarino Nautilus se tornando icônica.
“Em 1866, o Professor Pierre M. Aronnax e seu assistente Conseil, que estão em São Francisco para pesquisar relatos de um monstro marinho gigante atacando navios no Oceano Pacífico, são convidados a participar de uma expedição para procurar a criatura. Durante a busca, eles e o arpoador Ned Land são lançados ao mar durante um ataque, acabando por descobrir que o monstro é, na verdade, um submarino criado pelo brilhante, mas atormentado, Capitão Nemo.”
Apesar de uma série prequel sobre as origens do Capitão Nemo estar supostamente em desenvolvimento, um diretor como James Cameron, com toda a sua paixão pelo oceano, seria a escolha ideal para produzir este remake e, ao mesmo tempo, criar um novo clássico para as gerações futuras. Talvez em 2050, quando a agenda dele estiver livre…
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